A doença grave pode levar ao falecimento de felinos e ser transmitida para seres humanos
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Ceará (CRMV-CE) alerta sobre os riscos da esporotricose felina, após 1ª caso autóctone notificado no estado. A esporotricose em gatos se dá de forma progressiva, ficando mais grave à medida que o tempo passa e pode causar a morte do animal, além de ser transmitido para seres humanos.
“Esta é a primeira vez que essa doença surge em gatos, com origem no próprio estado. É de fundamental importância o conhecimento da enfermidade para que, em casos de sintomas parecidos, seja feito o diagnóstico e que não venhamos a ter surtos da doença no Ceará, trazendo grandes prejuízos tanto a felinos, quantos a seres humanos”, declarou o Presidente do CRMV-CE, Dr. Francisco Atualpa Soares, reforçando que é fundamental o acompanhamento de animais com suspeita por profissionais médicos-veterinários e que novos casos sejam notificados.
Esporotricose Felina
Em gatos, a doença que se origina de fungos provoca feridas profundas na pele, avermelhadas e com secreções purulentas. Pode aparentar que o animal passou por briga, porém, os nódulos que surgem não involuem e o animal não se recupera sozinho. No geral, os gatos se arranham na face e é por isso que as lesões aparecem mais nesta região.
Se as feridas não forem tratadas rapidamente, elas podem evoluir para a fase linfocutânea, que é quando se desenvolvem para úlceras com secreções na pele. Por se tornarem mais profundas, podem comprometer o sistema linfático dos gatos. Nesta fase, os fungos já se espalharam por todo o corpo e podem acometer os órgãos internos, tornando mais difícil a recuperação. O animal pode ter febre, falta de apetite e emagrecimento, apatia, problemas no sistema respiratório, além de feridas em várias partes, levando-a à morte.
Esporotricose Humana
Os sintomas aparecem após a contaminação do fungo na pele. O desenvolvimento da lesão inicial é bem similar a uma picada de inseto, podendo evoluir para cura espontânea. Em casos mais graves, por exemplo, quando o fungo afeta os pulmões, podem surgir tosse, falta de ar, dor ao respirar e febre. Na forma pulmonar, os sintomas se assemelham aos da tuberculose. Mas o fungo também pode afetar os ossos e articulações, manifestando-se como inchaço e dor aos movimentos, bastante semelhantes ao de uma artrite infecciosa.
Confirmação do caso no Ceará
A doença foi confirmada em Fortaleza, após um felino apresentar lesões de pele que não curavam e, durante a investigação através de citologia e cultura microbiológica realizadas pelo laboratório Veterinário PATHOVET, foi diagnosticado e confirmada a doença. Como encaminhamento, o caso foi notificado ao Núcleo de Vigilância da Prefeitura de Fortaleza. Os exames passaram por uma segunda rodada de confirmação, junto à Universidade Estadual do Ceará (UECE), através do exame de cultura no Laboratório de Microbiologia Veterinária da Universidade Estadual do Ceará em parceria com o Centro Especializado em Micologia Médica da Universidade Federal do Ceará. O próximo passo é identificar a espécie exata, trabalho que está sendo realizado pela Universidade Federal Rural da Amazônia.