WhatsApp Image 2021 05 19 at 13.27.35O pesquisador Ney de Carvalho Almeida , que desenvolve a primeira vacina contra a Covid-19 do Ceará, e parte de sua equipe, não podem se vacinar, mesmo fazendo parte do grupo prioritários de imunização. O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Ceará (CRMV-CE) denuncia o descumprimento de norma pelo Estado do Ceará e Prefeitura de Fortaleza, que tem barrado profissionais médicos-veterinários durante o processo de vacinação, contrariando o que determina o Programa Nacional de Imunizações (PNI) e o Plano Nacional de Operacionalização da vacinação contra a COVID-19.


“Nós do CRMV-CE nos solidarizamos com o médico-veterinário Ney de Carvalho e parte de sua equipe, em nome de toda a classe de médicos-veterinários que não está sendo imunizada. Infelizmente, embora sejamos profissionais da saúde prioritários e que não tenhamos parado de trabalhar um dia se quer durante a pandemia. Sofremos pela falta de responsabilização e equívocos das administrações públicas”, declarou o Presidente do Conselho Veterinário, Francisco Atualpa Soares Júnior, informando que o desconhecimento sobre o trabalho dos profissionais na saúde humana e animal e o desrespeito ao Plano Federal da Imunização tem ocasionado a não vacinação.

Hoje, a não aplicação do imunizante contra o novo coronavírus em médicos-veterinários ocorre por conta de uma interpretação errônea da Comissão Intergestores Bipartite do Estado do Ceará (CIB/CE), relativa ao Ofício 57/2021 do Ministério da Saúde, que dispõe os grupos que não serão contemplados na vacinação prioritária. O equívoco aconteceu, pois foi mal entendido que médicos-veterinários não eram profissionais prioritários no documento, quando este citava, na verdade, profissionais que atuam em estabelecimentos de saúde animal tais como: recepcionista, atendente, segurança, dentre outros. Em nenhum momento, o Ministério se referiu ao profissional da saúde Médico-Veterinário. Além disso, diversas administrações públicas estaduais cearense tem atuado de forma preconceituosa e desrespeitosa com esses profissionais, que são convocados para a vacinação e quando chegam nos postos de imunização determinados, são proibidos de receber a dose da vacina.

De acordo com o Plano Nacional de Operacionalização da vacinação contra a COVID-19, os médicos-veterinário são profissionais que tem direito à vacinação prioritária, como é delimitado em seu Anexo I, página 83 e 84, sobre os grupos prioritários de vacinação:“ Considera-se trabalhadores da saúde a serem vacinados na campanha, os indivíduos que trabalham em estabelecimentos de assistência, vigilância à saúde, regulação e gestão à saúde; ou seja, que atuam em estabelecimentos de serviços de saúde, a exemplo de hospitais, clínicas, ambulatórios, unidades básicas de saúde, laboratórios, farmácias, drogarias e outros locais. Dentre eles, estão os profissionais de saúde que são representados em 14 categorias, conforme resolução n° 287, de 8 de outubro de 1998, do Conselho Nacional de Saúde (médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, biólogos, biomédicos, farmacêucos, odontólogos, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, profissionais da educação física, médicos veterinários e seus respectivos técnicos e auxiliares)”.

Médicos-veterinários tem trabalhado durante todo o período da pandemia em diversas frentes, para salvaguardar a vida humana e animal, a exemplo do controle de zoonoses. Lembramos que os últimos estudos mundiais indicam que a Covid-19 tenha advindo de doenças de animais (zoonose) e que a atuação do médico-veterinário dentro da saúde pública humana é fundamental para a prevenção e controle de novas zoonoses.

Pioneirismo de Médico-Veterinário em primeiro imunizante cearense
O médico-veterinário e pesquisador Ney de Carvalho Almeida desenvolve trabalho pioneiro e promissor na produção da primeira vacina contra Covid-19 do Ceará. Com satisfatórios resultados pré-clínicos em camundongos, o estudo espera autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para início de testes em humanos.

O imunizante usa coronavírus aviário (IBV) atenuado que é manuseado há anos na avicultura e não causa infecção em seres humanos. A expectativa é que a vacina possa ser aplicada via intranasal, via gotas no nariz, em duas doses, com intervalo de 15 dias, e um reforço a cada seis meses. O vírus aviário empregado na vacina é da mesma família do Sars-Cov-2, que causa a Covid-19, mas pertence a outro grupo.

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