A vítima residia no bairro Álvaro Weyne. A enfermidade preocupa pela grande capacidade infectiva


Doença que tem preocupado especialistas, a febre chikungunya fez a primeira vítima no Ceará este ano. A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) confirmou o óbito pela doença em Fortaleza, que ocorreu em 20 de janeiro passado. A Capital é o município mais afetado pela incidência de chikungunya, contabilizando 367 dos 661 casos da febre no Estado. Os dados são da Atualização Semanal das Doenças de Notificação Compulsória, divulgado no último dia 7.


A pessoa que morreu por chikungunya residia no bairro Álvaro Weyne, era mulher e tinha 66 anos. O bairro é uma das regiões que têm registrado maiores números de notificações da doença, com 41 ocorrências. De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), os bairros Antônio Bezerra (41), Quintino Cunha (33), Itaperi (46), Serrinha (58), Maraponga (44) e Mondubim (73) estão entre os mais afetados.


De acordo com o gerente da Célula de Vigilância Ambiental e Riscos Biológicos da SMS, Nélio Morais, a febre chikungunya entrou em Fortaleza “de forma muito intensa, bem mais do que quando a dengue chegou”. De acordo com ele, a capacidade de transmissão do vetor é maior. “Há uma susceptibilidade maior à doença porque a população ainda não a teve. Já houve várias epidemias de dengue, mas a população toda ainda está suscetível à chikungunya”, detalha. A tendência é que o número de casos aumente, visto que o período mais crítico para a incidência das arboviroses é de março a junho.
“A incidência ocorre pelo aumento da chuva, calor e umidade”, explica Nélio Morais. Ele ressalta ainda a cronicidade da doença. “Muitas pessoas passam meses doentes”.


Além de Fortaleza, Pentecoste e Baturité seguem como as cidades cearenses com o maior número de ocorrências, com 110 e 106 registros da doença, respectivamente. No total, 20 municípios registraram casos da febre chikungunya.


Sintomas
A chikungunya ainda preocupa especialistas pela falta de conhecimento sobre os agravos da doença. Segundo o epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luciano Pamplona, é importante “não subestimar uma virose”. De acordo com ele, neste período de maior incidência de chuvas e aumento da circulação de doenças respiratórias, além de dengue, zika e chikungunya, “é fundamental que pessoas que tenham febre e dor no corpo busquem atendimento médico”.


O especialista explica que, apesar de características semelhantes no início da doença, aspectos clínicos podem indicar ao médico qual a enfermidade está enfrentando. “A chikungunya causa dores mais intensas nas articulações, febre bem mais alta e dor de cabeça na região dos olhos. A dor de cabeça durante a dengue é comum”, compara Pamplona.


Ele explica ainda, que é normal que este ano as ocorrências da febre sejam maiores em relação ao ano passado. “Quando a doença chegou em 2016, a gente já tava adiantado com relação ao ciclo sazonal do arbovírus. Agora que a doença se espalhou, é normal que a gente tenha mais casos”, esclarece. Pamplona destaca a importância dos cuidados para prevenir a infestação do mosquito aedes aegypti, transmissor da doença.


Dengue e Zika

Conforme o boletim da Sesa, foram registrados 1.331 casos de dengue no Estado, sendo 1.089 em Fortaleza. O relatório informa ainda a ocorrência de 18 casos de zika no Ceará, sendo três em Fortaleza.

Créditos - Jornal O Povo

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