(Matéria veiculada no Jornal Diário do Nordeste)

 

Com o aumento dos casos na Bahia, a febre chikungunya deve se estabelecer também no Ceará, segundo a Sesa.

O registro de 563 casos autóctones de febre chikungunya em Feira de Santana, na Bahia, onde as pessoas contaminadas não têm registro de viagem internacional para países com transmissão da doença, reforça o risco de introdução do vírus no Ceará. Isto porque a BR-116, que corta o município baiano, é uma área de grande fluxo de pessoas que trafegam rumo ao Ceará. A introdução é dada como certa pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) e um plano de contingência da doença foi apresentado, ontem, para prevenir e controlar a situação.

"O risco de estabelecimento da febre chikungunya no Ceará é eminente. Conversando com estudiosos e áreas técnicas do Ministério da Saúde, temos cada vez mais certeza que a doença vai se instalar, porque temos todas as condições. É mais uma doença que vamos precisar conviver", garante o coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, Márcio Garcia.

Segundo Márcio, além da proximidade com o município baiano - que vive uma epidemia e já tem a circulação do vírus - o Ceará tem clima adequado para desenvolvimento da patologia, já possui os dois mosquitos transmissores da doença - Aedes aegypti (vetor da dengue) e Aedes albopictus - e tem 100% da população vulnerável à doença.

O argumento é reforçado pelo coordenador de Vigilância Ambiental e Riscos Biológicos da Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Nélio Morais, que explica que, como a BR-116 é um tronco viário entre o Centro Sul e o Ceará, o risco é ampliado. "A possibilidade de termos a circulação são reais porque o mosquito transmissor está desde a década de 1980 transmitindo dengue em Fortaleza e ele tem o mesmo potencial para transmitir a chikungunya".

Neste ano, já foram notificados 18 casos suspeitos de febre chikungunya no Ceará, sendo dez em mulheres e os demais em homens. Destes, apenas cinco foram confirmados. Três em Fortaleza, um em Aracoiaba e um Brejo Santo, todos eles importados - quatro da República Dominicana e um do Suriname. Também há transmissão da doença no Haiti, Venezuela, Ilhas do Caribe e Guiana Francesa.

Diante do crescimento de casos autóctones, que no Brasil são 1.293, além dos 71 importados, a Sesa apresentou, ontem, durante o V Congresso Norte-Nordeste de Infectologia, em Fortaleza, o Plano de Contingência da chikungunya no Ceará.

Ações

Segundo Márcio, algumas ações do plano já está em curso desde o início do ano. "Estamos pactuando a execução das ações com os envolvidos e fazendo uma disseminação mais massiva delas, além de estimular os municípios, sobretudo, Fortaleza a fazerem os plano municipais", diz.

O plano tem cinco eixos: vigilância, controle vetorial, atenção ao paciente, mobilização e gestão, e deve ser executado de forma integrada pelos municípios e Estado. Dentre as ações, está a intensificação dos treinamentos para médicos e enfermeiros que atuam no SUS justamente porque os sintomas da dengue e da febre chikungunya são muito parecidos clinicamente.

O diagnóstico, de acordo com Márcio, é feito de forma clínica, sendo posteriormente, em alguns casos, exigido o exame laboratorial. No Ceará os cinco casos foram confirmados por meio do segundo método, pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen), que também tem ajudado a população de Sergipe a diagnosticar casos de chikungunya. Neste ano, Sergipe já mandou 17 amostras de pacientes para serem analisadas no Lacen. Um caso foi confirmado.

Combate

Na avaliação de Márcio, "a parte positiva" é que para combater as duas doenças, o poder público e a população têm de combater o mesmo mosquito. É fundamental reforço nas ações de eliminação dos criadouros dos mosquitos, além das medidas de prevenção como vedar a caixa d' água, não deixar vasilhames no quintal que possam acumular água, verificar se as calhas não estão entupidas e colocar areia nos pratos dos vasos de plantas.

De acordo com a Sesa, toda suspeita de chikungunya deve ser comunicada em até 24h ao Serviço de Vigilância Epidemiológica Municipal. Este, por sua vez, informa, imediatamente, à equipe de controle vetorial local para a adoção das medidas necessárias.

Em Fortaleza, segundo o representante da SMS, em casos suspeitos, a vigilância é acionada e em até 48h, atua para barrar o transmissor, através do uso de pulverizador costal para eliminar o mosquito.

Mais informações

Secretaria da Saúde do Estado
(85) 3101.5123

Secretaria Municipal de Saúde
(85) 3452.6619

 

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