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Entrevista - Guilherme Henrique Figueiredo Marques
Diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Delegado do Brasil perante a Organização Mundial de Saúde Animal

Dr. Guilherme, o que podemos esperar desse encontro para sanar a problemática da peste suína no Ceará, que ocorreu no último dia 31/09?

 

A reunião visa avaliarmos as ações no que tange as medidas de erradicação da peste de suína clássica que foi identificada recentemente neste estado. O Ceará, bem como os estados vizinhos, faz parte de uma região que ainda não é considerada livre internacionalmente, e, como tal, existem restrições de animais e produtos oriundos dessa região para o restante do país, que é livre.


Já não existe um comércio natural, por questões econômicas, mas restrições com postos e barreiras que demonstram e categorizam a distinção entre uma área e outra. O que nos traz aqui é o intuito de inclusão dessa área ao restante do Brasil, que já é considerado livre, para isso temos que tomar uma série de medidas, avaliar as ações que estão sendo tomadas e queremos direcionar o futuro delas com vistas a um reconhecimento para que ela esteja livre da peste suína clássica.


Foi observado que as medidas que o Ceará está tomando demonstram que as autoridades máximas do estado tem realizado as medidas tecnicamente recomendadas, sendo isso muito importante, pois se trata da política e técnica correta. Agora estamos desenhando as ações para o futuro, para que dessa maneira não só o Ceará, mas todos os estados da região do NO e NE, com exceção da Bahia e Sergipe, que já são considerados livres, possam estar juntos, montando essa estratégia e atuando de forma coordenada.

 

Como o Dr. observa os focos no Ceará, quais reflexões e trabalhos devem ser feitos para sanar a questão e livrar  o estado dos riscos de expansão da doença?

Risco sempre existem, em relação à disseminação dessa enfermidade para área livre, por essa razão que nós adotamos procedimentos com bastante antecedência de restrição de comércio. Já alertamos, através de instruções normativas Federais, bem como outros documentos, às Agências de transportes terrestres, aquaviário e aviação civil para que façam a retenção de todo e qualquer produto oriundo dessa região, além das medidas dos estados vizinhos que são livres para que aumente a fiscalização volante e fixa para coibir qualquer eventual prática de escaninho. Essas medidas que estão domando aqui e a ocorrência dos focos que surgiram não depõem contra o Estado. Ao contrário, mostra efetivamente que o Ceará está imbuído no espírito de vencer essa guerra, combater esse inimigo que é o vírus da peste suína clássica e conseguir no futuro reconhecimento, declaração de livre.


Em compensação, existia no passado, há muitos anos, o silêncio epidemiológico e isso nos preocupa quando ocorre, porque dá uma falsa impressão de ausência da doença, quando o que de fato ocorre é uma ausência da vigilância, da participação do setor privado em notificar.


Neste sentido, desenvolvemos anos atrás um aplicativo no Ministério, gratuito, que se chama PEC.saudeanimal e lá tem todas as informações, manuais, imagens de várias enfermidades, procedimentos a serem tomados, Legislações Federais e Estaduais e, principalmente, a possibilidade de qualquer pessoa fazer a notificação de uma suspeita, ou denúncia, sendo imediatamente encaminhada ao banco de dados do Ministério da Agricultura e dos órgãos Estaduais para que nossas equipes possa promover diligências e averiguar em lócus o que está acontecendo.

 

Qual o papel do CRMV-CE nessa força tarefa e dos médicos veterinários?

O Conselho só não pode como deve contribuir sensibilizando os profissionais, tanto públicos quanto privados, para que tenham as informações atualizadas técnicos científicos sobre a doença, assim como outras enfermidades, estreitando, cada vez mais essa relação entre veterinários privados e oficiais. Fazemos parte de uma classe extremamente importante para o país e para o mundo, asseguramos a inocuidade alimentar, sanidade e bem-estar dos nossos rebanhos através de políticas públicas, o que deve ser plenamente divulgado para toda a sociedade.

Já os veterinários privados atuam como importantes observadores e colaboradores nesses processos, uma vez que eles têm acesso as propriedades rurais, contam com a informação profissional e sabem o seu papel, devendo procurar as autoridades sanitárias, caso ocorram quaisquer suspeitas de enfermidades. Temos um expressivo número de médicos veterinários privados que autorizamos emitir guia de trânsito animal para espécie de suínos e aves, devendo, todos eles, e especial os Rts, estarem muito vigilantes e atentos a fazer a notificação, sobre pena de serem responsabilizados por omissão ou conivência de não informar o serviço oficial, que é crime, previsto no código penal.

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