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Avatar Martins Loureiro
Gerente de Emergências (GEREM) e Coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (NUVEP) desde de 2014.
Coordenadora Estadual do Programa de Controle da Raiva dos Herbívoros (PECRH) desde de 2015.
Trabalha na Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará - ADAGRI desde de 2014.
Graduada em Medicina Veterinária pela Universidade Castelo Branco (UCB) em 2011, no Rio de Janeiro.
Pós-graduada em Patologia Clínica Veterinária pelo Instituto Qualittas em 2012, no Rio de Janeiro.
 
ENTREVISTA

[CRMV-CE] Qual o trabalho desenvolvido pela Gerência de Emergências (GEREM) da Agência de Defesa Agropecuária do Ceará?

O trabalho baseia-se no atendimento a suspeitas de enfermidades de notificação obrigatória, bem como o acompanhamento dessas investigações, conforme preconizado pela Instrução Normativa n° 50/2013 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). As atividades envolvem vigilância epidemiológica, coleta de material biológico, fluxo e logística para viabilidade dos atendimentos no campo.

[CRMV-CE] Hoje, como se encontra o fluxo de notificações e suspeitas de doença nos rebanhos do Estado?

Existem 3 (três) formas de notificação: pelo proprietário (produtor); terceiros (médicos veterinários, alunos de universidade, agentes comunitários de saúde, agentes de endemia, dentre outros) e pelo próprio Serviço Veterinário Oficial (SVO), (vigilância ativa realizada pelos fiscais veterinários da Adagri no exercício das atividades a campo).

Essa notificação chega até a gerência de emergências (GEREM) de várias formas: via telefone através de denúncia; via e-mail pelos servidores da Adagri, entre Fiscais e Agentes Agropecuários relatando a notificação; através da Ouvidoria, entre outros. A partir disso, a operacionalização do atendimento é desencadeada com o encaminhamento de equipe para atendimento e acompanhamento das investigações até sua finalização. Com isso, o processo de investigação acontecerá até o serviço oficial ter certeza de que a suspeita de doença em questão não trará prejuízos ao rebanho do Estado e também para as pessoas, quando se tratarem de antropozoonoses, como por exemplo, raiva, brucelose, tuberculose e mormo.

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[CRMV-CE] Existe alguma situação mais alarmante?

As doenças de notificação compulsória de caráter zoonótico (transmitida aos seres humanos pelos animais) citadas acima, precisam ter cuidados especiais, tendo em vista o acometimento em potencial aos seres humanos. No caso da raiva, a letalidade é praticamente 100%. Então, qualquer suspeita de doenças de notificação obrigatória, deve ser notificada à ADAGRI, através dos 08 Núcleos Regionais e 40 Núcleos Locais distribuídos no estado do Ceará.

[CRMV-CE] Quais os trabalhos vêm sendo desenvolvidos pela Adagri no combate dessas doenças?

A diretoria de sanidade animal da Adagri (DISAN) é responsável, dentre outras atribuições, pelo gerenciamento dos programas sanitários decorrentes dessas enfermidades de notificação obrigatória e cada uma delas possui particularidades e coordenações estaduais específicas.

A Adagri tem por objetivo "Proteger a saúde dos animais e vegetais e propiciar a qualidade sanitária dos produtos industriais derivados, promovendo a sustentabilidade desses setores e a segurança alimentar humana."

No que diz respeito às competências da GEREM, são preconizados pelo MAPA os programas estaduais de sanidade dos equídeos; erradicação e prevenção da Febre Aftosa; sanidade avícola; controle e erradicação da brucelose e tuberculose, e de controle da Raiva dos Herbívoros. Cada um desses programas tem atividades de vigilância e estratégias de ações que devem ser executadas de acordo com o previsto em legislação federal e estadual, além de manuais técnicos.

 

[CRMV-CE] Em relação à Raiva, qual a situação da doença no Ceará?

A Raiva é endêmica no Brasil. Assumi a coordenação do Programa Estadual de Raiva dos Herbívoros em junho de 2015. Depois disso foram muitas felicidades. Este programa é reflexo do excelente trabalho desta coordenação e principalmente dos meus colegas Fiscais e Agentes Estaduais Agropecuários da Adagri. Sou muito grata por este trabalho, pois se hoje somos reconhecidos por outras agências de defesa do Brasil e pelo MAPA, foi devido à construção de um trabalho em equipe.

É importante ressaltarmos que as atividades de vigilância vêm aumentando ao longo desse período e que o quadro vem se modificando para melhor no Estado por diversos motivos, sendo o principal deles a capacitação dos servidores da Adagri. Com isso, ocorreu um estímulo imediato e nosso trabalho reiniciou a todo vapor.

Em relação ao número de coleta de amostras de sistema nervoso central (SNC), tivemos aumentos significativos a partir de 2015, sendo em azul (n° de exames) e em vermelho (n° de amostras positivas).         

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Estimulamos a vigilância epidemiológica no estado e começamos a ampliar nossas atividades: coletas de amostras suspeitas; vacinação do rebanho; captura e controle de espécies de morcegos da espécie Desmodus rotundus (hematófago), principal responsável pela transmissão do vírus da raiva ao rebanho (observação: somente os morcegos que contém o vírus da raiva, transmitem a doença); e o que eu particularmente mais gosto de fazer, são as atividades de educação sanitária (entrevistas de rádio, palestras em comunidades, contato com o público), sendo uma experiência fenomenal. Saber que você faz parte da vida das pessoas, que você pode levar um pouco dos seus conhecimentos para pessoas de diferentes idades, níveis de escolaridade e classe econômica, é uma experiência que dou muito valor, é gratificante.

As atividades educativas são umas das formas mais potentes de estimular as notificações, principalmente a notificação dos produtores, que são nossos principais colaboradores nas atividades de campo, verdadeiros parceiros.

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[CRMV-CE] Quais ações são realizadas para o controle dela?

A equipe de fiscais e agentes da Adagri realiza coleta de amostra de SNC de animais herbívoros (bovinos, equinos, ovinos, caprinos) que são suspeitos da doença e encaminhamos ao laboratório para análise diagnóstica; acompanhamento da vacinação antirrábica do rebanho, único método preventivo para esta doença e captura da espécie Desmodus rotundus, uma das formas de controle mais efetivas, que através da aplicação de ‘’pasta vampiricida’’ conseguimos realizar o controle populacional desta espécie.

Ressalto a importância de equipe tecnicamente qualificada para essas ações e que todas as atividades realizadas no programa estadual de controle da raiva dos herbívoros estão em conforme da legislação em defesa sanitária vigente.

[CRMV-CE] Qual o maior desafio encontrado no combate da Raiva?

Na minha opinião, não existe um desafio maior, tudo é um grande desafio.

Acredito que o governo poderia desenvolver uma política mais forte no combate a esta doença no rebanho e que além das campanhas de vacinação de cães e gatos, que tem sua importância, poderiam existir outras campanhas que poderiam ser desenvolvidas e voltadas para o campo. A raiva pode estar em todo lugar e acometer diversos tipos de espécies animais, como cães, gatos, saguis, raposas, morcegos, animais de rebanho (bovinos, caprinos, equinos…) e o homem.

Exatamente pela falta de campanhas voltadas ao público rural, é que esta Coordenação investe muito nos trabalhos educativos, direcionados para este público-alvo e também para profissionais como: médicos veterinários autônomos, agentes de saúde e de endemias, alunos de escolas técnicas.

Com o programa mais consolidado, temos mais um desafio este ano de levar informações do serviço da defesa aos nossos colegas médicos veterinários autônomos e que os mesmos colaborem nas notificações de doenças de notificação obrigatória.

Este projeto envolve levar aos colegas do campo a importância do médico veterinário no serviço veterinário oficial, qual o seu papel na sociedade e como parte também do fluxo de notificações.

[CRMV-CE] Qual Importância do NUVEP dentro das ações da Adagri?

O Núcleo de Vigilância Epidemiológica é exatamente o setor que compila e consolida todas as informações epidemiológicas, de todas as investigações de doenças dos programas sanitários da Adagri.

As informações consolidadas são validadas por esta gerência e são repassadas ao MAPA, o que nos mantêm em dia com os dados da Organização Mundial de Saúde Animal – OIE.

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